quarta-feira, 27 de julho de 2011

ATIVIDADES FÍSICAS E DESPORTIVAS EM HEMOFILIA


ATIVIDADES FÍSICAS E DESPORTIVAS EM HEMOFILIA

A atividade física e desportiva no paciente com hemofilia é de suma importância, promovendo não só benefícios físicos e músculo-esqueléticos, como também psicossocial. O desenvolvimento de uma boa musculatura ajuda a proteger as articulações das manifestações hemorrágicas. Deve-se incentivar a prática de atividades físicas e desportivas na infância, considerando-se as aptidões individuais, desejo e os riscos destas atividades. As informações transmitidas aos pacientes e seus cuidadores devem ser precisas e esclarecedoras. A educação física escolar deve ser incentivada para que a criança se sinta inserida no grupo. Entretanto, deve-se tomar cuidados para que exercícios que possam gerar sangramentos não sejam executados. Assim, deve-se evitar exercícios com corridas e saltos, e demais atividades que provocam impactos articulares.

A educação física tem os seguintes objetivos:

- Manter uma postura correta;
- Desenvolver o sentido do equilíbrio;
- Melhorar a capacidade de reação;
- Melhorar a flexibilidade e força muscular;
- Melhorar a capacidade respiratória;
- Aumentar a integração social;
- Melhorar a auto-estima.

Antes de iniciar qualquer atividade física deve-se propor um período de aquecimento e alongamento suave de articulações e músculos. Este período tem por objetivo promover mudanças metabólicas para preparar o corpo para a atividade física e com isso diminuir o risco de lesões musculoesqueléticas. Muitas são as listas publicadas de esportes permitidos aos pacientes com hemofilia, com seus diversos graus de riscos, mas a indicação do esporte adequado depende em muito da condição músculo-esquelética do paciente e de seu interesse por uma atividade desportiva proposta.

 Esportes recomendados para pacientes com hemofilia (segundo
recomendação da Federação Mundial de Hemofilia):
Natação
Golfe
Tênis de mesa (ping-pong)
Pesca
Ciclismo
Dança
Frescobol
Musculação
Tênis

Esportes com alto risco de lesão:
Corridas com barreira
Karatê
Basquete
Judô
Beisebol
Voleibol
Saltos (em altura, em distância ou triplo)
Pólo aquático
Boxe
Motociclismo
Luta livre
Futebol

Natação
É a atividade física mais recomendável para o paciente com hemofilia. Ela exercita todo o conjunto muscular auxiliada pelo sistema anti-gravitacional. Tem também ótimo efeito sobre o sistema cardiorrespiratório. Recomenda-se um aquecimento prévio sem corridas ou saltos. Entrar e sair da piscina sempre utilizando as escadas a fim evitar choques com outros companheiros e evitar lesões de cotovelos e punhos quando impulsionam para sair da piscina. Evitar também as viradas olímpicas, prevenindo assim hemartroses de joelhos e tornozelos pelo impacto.

Futebol
É o esporte mais popular entre os meninos de todo o mundo. EVITÁ-LO é sempre muito difícil. Deve ter sua prática desestimulada pela família. Deve-se usar equipamentos adequados quando não se consegue impedir sua prática, bem como uma preparação muscular prévia.

Musculação
Está altamente recomendada no paciente com hemofilia, iniciando-se na adolescência, com o objetivo de melhorar a força muscular e estabilizar melhor as articulações. Deve-se iniciar sempre com carga mínima e pouca repetição de exercícios. Cuidados posturais nos aparelhos devem ser tomados. Deve-se prestar esclarecimento ao professor orientador dos exercícios e NÃO estimular a competição por aumento de cargas com outros praticantes.

AUTORES
Mônica Hermida Cerqueira Fernandes de Oliveira
Silvio Marcos de Oliveira
Marília Sande Renni
Sylvia Thomas
Luciano Pacheco

REVISÃO
Suely Meireles Rezende
Marcelo Thá Accioly Veiga
Sandra Vallin Antunes
Denys Eiti Fujimoto

Coordenação Geral de Sangue e Hemoderivados
Departamento de Atenção Especializada
Secretaria de Atenção a Saude
Ministério da Saúde
2009

Artigos para consulta

ARRUDA, V. R. Detecção de Portadoras e Caracterização Molecular da Hemofilia em uma População Brasileira. Tese de Doutorado, Campinas: Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas 1995.

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BELTRAME, L.G.N. Livro Hemofilia: Vida Ativa. Brasília. CREF/DF, 2007.

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BRACHT, Valter. Educação Física: Conhecimento e especificidade. Revista Paulista de Educação Física. USP. SP. n.2,1996.

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LORENZI, T. F. Manual de Hematologia. Rio de Janeiro: Medsi. 1992

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MARINHO, H. M. Hematologia. São Paulo: Sarvier, 1985. p. 253-94

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Como identificar sinais e sintomas da Hemofilia

1 CONHECENDO A HEMOFILIA – SINAIS E SINTOMAS

A hemofilia é uma doença hereditária sem caráter infeccioso ou contaminante, distribuída em todas as regiões do mundo e, portanto, sem restrições de etnia. A doença ocorre predominantemente no sexo masculino, sendo extremamente rara em mulheres. Na hemofilia os sangramentos são decorrentes da deficiência do fator VIII (hemofilia A) ou fator IX (hemofilia B) da coagulação. De acordo com o grau de deficiência dos fatores,
a hemofilia é classificada em leve, moderada ou grave. A hemofilia não tem cura. Pacientes com hemofilia necessitam receber, por toda a vida, infusão venosa do concentrado de fator deficiente após os eventos hemorrágicos ou trauma. Nas formas graves, o paciente pode desenvolver complicações osteo-articulares graves. A hemofilia se caracteriza pelo aparecimento de sangramentos internos ou externos, que ocorrem espontaneamente ou após traumatismos. Os sangramentos mais frequentes são chamaos internos, principalmente representados pelos hematomas que aparecem como manchas roxas devido a sangramentos na pele, subcutâneo ou músculos e as hemartroses, estas são sangramentos internos, para dentro das articulações, que apresentam inchaço e dor. As articulações mais atingidas são as do joelho, cotovelo e tornozelo. Um tipo de sangramento grave, com alta mortalidade é a hemorragia intracraniana, que pode manifestar-se com sonolência, dor de cabeça, irritabilidade, confusão mental, náusea, vômitos, formigamento,
convulsões e perda de consciência. Diante da possibilidade de hemorragia intracraniana ou mediante trauma na região da cabeça, boca, pescoço e língua, o aluno deve ser encaminhado rapidamente para um serviço de urgência.

2 PAPEL DO PROFESSOR E DA ESCOLA

Para que se possa orientar e encaminhar o aluno quando da suspeita da doença, o professor deve estar atento aos principais sinais e sintomas da doença. A direção da escola deve estar ciente dos procedimentos legais que devem ser tomados quando este aluno necessitar de afastamento escolar devido a intercorrências e internações que podem ser prolongadas. O aluno está amparado pela Lei de Diretrizes e Bases (LDB) 9.394/96, capítulo V, Artigos 58 e 59. O professor deve ser o primeiro a interferir se o aluno reclama de dores e/ou “inchaços” nas articulações ou músculos, devendo encaminhá-lo ao local mais próximo onde o mesmo possa receber infusão do concentrado de fator deficiente, que é o tratamento indicado na maioria das vezes. Em geral, o aluno tem essa medicação em casa. Em casos mais graves, o aluno deve ser conduzido
ao serviço médico especializado, lembrando que a família tem que ser sempre comunicada. A febre pode ser outro fato que demanda cuidados especiais, tendo-se em vista que o aluno com hemofilia não pode utilizar remédios para dor ou febre à base de ácido acetilsalicílico (aspirina, AAS e muitos outros). Alternativas ao uso destes medicamentos são o paracetamol ou dipirona, que podem ser utilizados. Seu uso deve ser sempre
comunicado aos pais ou ao serviço médico. No caso de traumas como cortes, ou qualquer outro tipo de acidente, em especial aqueles que envolvam a cabeça, tórax ou abdômen, a criança deve ser encaminhada ao serviço médico especializado com urgência. A participação do aluno com hemofilia em aulas de educação
física e recreações deverá ser incentivada. Entretanto, os professores responsáveis pela condução destas atividades deverão ser orientados de forma a saberem indicar o esporte ou recreação mais adequada para este aluno. Atividades físicas são de grande valia para o paciente com hemofilia, visto que o desenvolvimento da musculatura, por intermédio de exercícios físicos, ajuda na proteção das articulações. Esportes que se associam a riscos de traumatismos, os chamados esportes de contato, bem como aqueles que promovem
impactos, devem em geral, ser desencorajados. Alternativas tais como natação, ciclismo, dança, frisbee, badminton, tênis de mesa, ginástica, caminhada e musculação são alguns exemplos de atividades que podem ser praticadas por esses alunos, sob orientação e incentivo de um professor dedicado. Além dos cuidados acima, o conhecimento do professor sobre o problema e a disseminação deste conhecimento, facilitarão
a integração do aluno de modo a evitar o preconceito por parte de outros.

3 PAPEL DO ALUNO

Indivíduos com hemofilia não apresentam redução de sua capacidade cognitiva nem intelectual. O bem-estar físico e emocional do indivíduo com hemofilia refletirá no seu desempenho por toda a sua vida. É essencial que seu projeto de vida seja incentivado como para qualquer outro indivíduo, a fim de que ele tenha seus objetivos de vida bem definidos e ao seu alcance. Naqueles casos em que existe limitação física, esta não
deve ser motivo de restrição de seu crescimento como cidadão.

4 INTERAÇÃO ENTRE PROFESSORES E PAIS

A atuação dos professores deve se estender ao relacionamento com os pais do aluno com hemofilia, no sentido de orientá- los na formação dos filhos como seres humanos capazes e inteligentes. O foco na doença deve ser substituído pelo foco na capacidade que possui o ser humano em evoluir, sem, contudo, negligenciar os cuidados especiais que a doença demanda. Os pais, em muitas ocasiões, podem ser incentivados pelos professores a procurar um serviço médico/psicológico para que sejam orientados. Vários centros de tratamento de hemofilia no Brasil possuem médicos e psicólogos treinados para lidar com pacientes e familiares. Além disto, os pais devem também ser orientados a buscar aconselhamento genético nos centros de tratamento, devido ao caráter hereditário da doença. Por último, para um melhor conhecimento dos problemas relacionados ao aluno e para uma abordagem apropriada dos mesmos, é fundamental que haja uma real interação entre escola, pais e alunos.

5 CONTATO COM CENTROS DE TRATAMENTO

É importante que os professores e a escola estejam cientes que existem, em quase todos os estados brasileiros, centros especializados para o tratamento de pacientes com hemofilia. Informe-se sobre o local e horário de atendimento destes centros e não hesite em contatá-los para maiores orientações a respeito da doença.


terça-feira, 12 de julho de 2011